CLARABOIA | Significado das músicas

CLARABOIA | Significado das músicas

Significado das músicas do álbum CLARABOIA, de ANAVITÓRIA. Textos retirados do site: Letras de músicas.

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hannah

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RUA DOS ABACATEIROS.

Em “rua dos abacateiros”, ANAVITÓRIA utiliza a repetição dos abacateiros como um símbolo de pertencimento e memória afetiva. A música segue o formato de "canção-inventário", listando elementos como “a noite limpa, as estrelas, o gelado do pacífico” e “os acordes favoritos”, que juntos constroem um mosaico de lembranças e sensações. Cada detalhe citado evoca cenas do cotidiano, transmitindo sentimentos de aconchego, nostalgia e celebração. Essa abordagem remete ao estilo de Marisa Monte em “Diariamente”, onde pequenos detalhes ganham destaque e significado emocional.

No final da canção, o convite direto – “Vem comigo”, “Sejam muito bem-vindos / Aos estúdios claraboia” – reforça o tom acolhedor e coletivo da faixa, transformando-a em uma porta de entrada para o universo do álbum. As imagens de “pessoas todas juntas, celebrando fevereiro” e “os velhos novos amigos” destacam a importância dos encontros, da renovação de laços e das experiências compartilhadas. Assim, ANAVITÓRIA cria uma atmosfera de intimidade, onde cada objeto ou sensação mencionada convida o ouvinte a valorizar as pequenas alegrias do dia a dia.
2

OLHAR PRA VOCÊ.

Em "olhar pra você (part. ANAVITÓRIA)", Bruno Berle explora como o amor pode transformar a percepção do cotidiano, comparando o ato de olhar para a pessoa amada a "conhecer o mundo". Essa metáfora mostra que a presença do outro é tão intensa e reveladora quanto uma grande descoberta, ampliando o significado dos momentos simples. A escolha de uma melodia suave e a curta duração da música reforçam a ideia de um instante íntimo e valioso, como se fosse um breve suspiro de felicidade que se deseja prolongar.

A letra destaca a importância de viver o amor no presente, rejeitando a ideia de que o relacionamento se torne apenas uma lembrança, como em "Não quero que seja um amor do passado". O desejo por uma conexão genuína aparece em versos como "um amor sem palavras, uma grande beleza", sugerindo que o sentimento é profundo e vai além do que pode ser expresso verbalmente. A participação de ANAVITÓRIA, conhecida por sua abordagem sensível ao tema do afeto, intensifica o clima de sinceridade e entrega. Assim, a canção convida o ouvinte a valorizar o amor simples, vivido no agora, e a reconhecer a beleza dos pequenos gestos e silêncios compartilhados.
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EM VOZ ALTA.

A música “em voz alta”, de ANAVITÓRIA, explora o impacto da leitura em voz alta como um ato de apropriação e transformação pessoal. No trecho “Gosto de ler em voz alta e ouvir / Minha voz dizendo coisas que não de mim nasceram / Mas que minhas eu gostaria que fossem”, a narradora revela o desejo de tornar íntimas as palavras de outros autores, absorvendo-as e incorporando-as ao seu próprio repertório. Esse processo vai além da simples leitura: ao pronunciar as palavras, ela se sente “geradora e rainha”, mostrando como a leitura em voz alta pode ser um ritual de empoderamento e expansão emocional e linguística.

A letra também destaca a relação afetiva e lúdica com a linguagem, tratando as palavras como “tesouros” que ganham valor ao serem ditas. A prática de anotar, decorar e reutilizar essas palavras em diferentes contextos — “Numa carta pra gente bonita / Com Vitória numa entrevista / Numa briga ou numa terapia / Na minha música” — mostra como a linguagem se transforma em ferramenta de expressão autêntica e conexão com o outro. A comparação com “Livros”, de Caetano Veloso, é relevante, pois ambas as músicas celebram o prazer de se apropriar da palavra escrita e falada, tornando-a parte da própria identidade. O clima contemplativo da faixa, reforçado pelo andamento moderado e pela tonalidade de Si menor, contribui para a sensação de intimidade e reflexão sobre o papel das palavras na construção de quem somos.
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COMO É QUE A GENTE FOI CHEGAR AQUI?

Em "como é que a gente foi chegar aqui?", ANAVITÓRIA aborda de forma direta o arrependimento e a surpresa diante do desgaste de uma relação. A letra destaca o momento em que se revisita o passado, como no trecho “reli nossas conversas e doeu de lembrar”, mostrando que o afastamento não aconteceu de repente, mas foi resultado de pequenas mágoas e discussões acumuladas. O questionamento do título, repetido ao longo da música, reforça o sentimento de perplexidade e tristeza ao perceber como atitudes impensadas podem levar ao fim de algo importante.

Na segunda parte, a música aprofunda o sentimento de culpa e o desejo de ter agido diferente: “Queria voltar, pensar algumas vezes antes de explodir / Te disse muitas coisas que me arrependi”. ANAVITÓRIA explora o impulso de falar sem pensar e o peso do arrependimento, um tema com o qual muitos se identificam. A frase “mas era tudo que eu tinha” revela que, mesmo nos conflitos, as palavras eram tentativas sinceras de expressar sentimentos, ainda que de forma inadequada. O tom íntimo e melancólico da canção, junto à simplicidade da letra, cria uma conexão imediata com quem já viveu desencontros e se pergunta, com honestidade, como chegou a esse ponto em uma relação.
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ESTÁTUA DE MÁRMORE.

Em “estátua de mármore”, ANAVITÓRIA explora a ideia de alguém que aparenta força e beleza, mas está emocionalmente paralisado. A metáfora da estátua representa uma pessoa que, apesar de demonstrar interesse e conexão — como nos versos “me vê na tela branca do teto” e “me chama em segredo pra onde os limites são soltos” —, não consegue se entregar totalmente ao relacionamento. Essa resistência interna cria uma barreira, tornando difícil avançar na relação, mesmo diante do desejo mútuo.

A música também aborda a impermanência dos sentimentos. O verso “nada é tão permanente assim” reforça que, por mais sólida que uma situação pareça, tudo pode mudar. A comparação entre a estátua de mármore e “aprisionar água numa pedra de gelo” mostra que emoções e momentos são passageiros. Quando ANAVITÓRIA canta “eu sei, difícil é largar do apego / eu já estive nessa página”, há um reconhecimento da dificuldade de se desapegar, mas também uma mensagem de empatia e esperança. A canção sugere que, apesar da rigidez emocional, existem “muitas esquinas e felicidades” à frente, incentivando a aceitação da transitoriedade da vida e dos sentimentos.
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A LUA QUE A MINHA CABEÇA TÁ.

Em “a lua que a minha cabeça tá”, ANAVITÓRIA explora de forma direta o conflito interno de alguém dividido entre dois amores ou caminhos de vida. A letra revela o medo de magoar uma pessoa querida ao admitir sentimentos que fogem ao controle, trazendo à tona uma honestidade desconfortável. A metáfora da “lua” representa o estado mental confuso e instável da narradora, reforçado pela pergunta “em que planeta minha cabeça tá” e pela resposta evasiva, que tenta proteger o outro da verdade dolorosa.

A música constrói um clima confessional ao apresentar cenários opostos: de um lado, a estrada do Rio, imaginada ao lado da pessoa a quem se dirige; de outro, o “que sobrou do país”, onde ela se vê com outro alguém. Essa dualidade evidencia o sentimento de culpa e o receio de ferir, especialmente no verso “eu tenho tanto medo de te ver doendo”. O uso da lua como símbolo reforça a ideia de inconstância e mudança de sentimentos, assim como as fases lunares. Mesmo sem informações externas sobre inspirações específicas, a letra deixa claro o peso da sinceridade e a dificuldade de lidar com desejos conflitantes, tornando a canção um retrato sensível de vulnerabilidade e empatia.
7

AZA...

Em “aza”, ANAVITÓRIA explora o amor como um gesto de entrega e cuidado, transformando experiências pessoais e momentos simples em demonstrações de afeto. A canção destaca como a felicidade da narradora está diretamente ligada ao bem-estar da pessoa amada, evidenciando uma entrega quase total: “Se quando escutar sentir, por mim, carinho, eu já serei feliz”. O título, que remete à palavra “asa”, reforça a ideia de proteção e acolhimento, sugerindo que a narradora deseja ser um abrigo para quem ama, oferecendo tudo o que viveu e aprendeu.

A letra mostra uma dedicação completa, onde músicas, viagens, sabores e histórias são compartilhados para fazer o outro feliz. Ao afirmar “São tuas, portanto, as canções que inventei pra embalar teu sono”, a narradora não só dedica suas criações, mas também seu passado e até o que ainda vai viver, como “o que eu ainda escreverei”. Essa generosidade se estende às experiências em outros lugares, às receitas preparadas e à escuta atenta das histórias do outro. Cada trecho reforça que a realização pessoal está em ver o outro feliz, tornando “aza” um retrato sensível de um amor altruísta, que encontra sentido na felicidade compartilhada e no desejo de proteger, como uma asa que acolhe e envolve.
8

BÚZIOS.

Em "búzios", ANAVITÓRIA transforma a saudade em um retrato sensível da distância emocional que pode surgir mesmo entre pessoas que compartilham lembranças intensas. A canção explora como, com o tempo, a intimidade pode se perder, deixando dois indivíduos quase como estranhos. Isso fica claro no verso: “Como é que em tão pouco tempo / Achar um terreno seguro pra nós já parece um delírio?”, que expressa o estranhamento e a dificuldade de retomar a conexão, reforçando o clima nostálgico e intimista da música.

O título "búzios" traz um duplo sentido importante. Além de fazer referência à cidade litorânea conhecida por suas paisagens e clima de férias, também funciona como um símbolo de refúgio e felicidade, um lugar onde “era tão bom”. ANAVITÓRIA já utilizou "búzios" em outra música para falar sobre desafios e distâncias, o que aqui reforça a ideia de um espaço, real ou metafórico, ligado a momentos especiais e ao desejo de reviver o passado. As falas espontâneas ao final da faixa aumentam o tom de presente afetivo e celebração da memória, tornando a canção ainda mais pessoal e acolhedora.
9

ISSO É DEUS.

"isso é deus (part. Rubel)", de ANAVITÓRIA, traz uma abordagem íntima e cotidiana da espiritualidade, fugindo de dogmas e imagens tradicionais. A letra destaca que o divino se manifesta na aceitação das próprias limitações e incertezas, como nos versos: “Acho que vou ter que aceitar a condição / De ser alguém que até que acerta / De ser o mesmo alguém que tropeça / De ser eu”. Aqui, a busca pelo autoconhecimento e a aceitação das falhas são apresentadas como experiências espirituais, em sintonia com o álbum "claraboia", que explora temas de luz e revelação.

A música também reflete sobre o desejo de controlar o futuro e o medo do desconhecido, como em “Ah, se eu pudesse ver / Onde isso vai dar / Pra me proteger”. No entanto, propõe uma entrega confiante ao fluxo da vida, reconhecendo que não é possível prever tudo: “Mas se eu soubesse já / O que aconteceu / Como ia viver / Lendo a vida que escrevi / Escrevendo o que eu já li / Não é pra entender”. O refrão “E isso é Deus” sugere que a presença divina está justamente na aceitação do mistério e na confiança no presente. Assim, ANAVITÓRIA e Rubel transformam a espiritualidade em algo acessível e humano, celebrando a vulnerabilidade e o sentido encontrado nas pequenas experiências do dia a dia.
10

O AMOR HABITA OS MAIS INCONCEBÍVEIS DOS LUGARES.

A música “o amor habita os mais inconcebíveis dos lugares”, de ANAVITÓRIA, mostra como o amor pode surgir nos contextos mais improváveis do cotidiano. A dupla destaca situações aparentemente frias ou comuns, como “nas paredes de uma sala fria” ou “nas bagagens em mãos distraídas”, para mostrar que o sentimento pode florescer onde menos se espera. O título e o contexto do álbum “claraboia” reforçam essa ideia, sugerindo que o amor não segue regras ou previsões, aparecendo como uma “condição eterna de surpresa” e trazendo uma “correnteza de alegria” até mesmo “nas lacunas da ciência” – ou seja, nos espaços onde a razão não explica.

A letra também aborda o poder transformador do encontro amoroso. O trecho “Vi você / Não deixei mais de ver / E tudo mudou então” mostra como o reconhecimento entre duas pessoas pode mudar completamente a percepção da vida. Esse sentimento é tão forte que, segundo a música, reduz “toda sabedoria humana a nada”, mostrando que o amor desafia qualquer explicação lógica. Ao afirmar que existe “uma evidência de magia em meio ao nada”, ANAVITÓRIA celebra o amor como algo surpreendente e quase mágico, capaz de transformar até os cenários mais improváveis em lugares de beleza e significado.
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SEIS ANOS DEPOIS.

A música "seis anos depois", de ANAVITÓRIA, aborda como o tempo transforma tanto as pessoas quanto a percepção de um relacionamento passado. A canção se destaca pela honestidade ao mostrar que, mesmo após seis anos, a intimidade e a conexão entre as duas já não existem mais: “Já não sabemos mais / O que é sermos juntas / Como mulheres juntas”. Esse trecho evidencia o distanciamento e ressalta o amadurecimento pessoal, tema central do álbum "claraboia", que traz uma visão mais realista e menos idealizada do amor.

A letra também revela a vulnerabilidade de quem, por medo e falta de coragem, não viveu plenamente aquele amor: “Eu tinha tanto medo / De te mostrar pro mundo / Eu sei que não foi justo / Faltou coragem pro amor”. O contexto sugere que esse medo estava relacionado à exposição do relacionamento, indicando questões de aceitação e autoconhecimento, especialmente por se tratar de duas mulheres. Assim, a música vai além de narrar um término; ela reflete sobre as consequências das escolhas feitas na juventude e a dor de perceber, com maturidade, o que poderia ter sido diferente.
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3 AM | ESPIRAIS DA REPETIÇÃO.

Em “3 am | espirais da repetição”, ANAVITÓRIA usa a repetição de versos e notas não só para retratar a rotina dos shows, mas também como metáfora para a persistência de lembranças que voltam nos momentos de silêncio e solidão, especialmente após a euforia do palco. O título destaca essa ideia de ciclos, reforçada pela repetição de frases como “Pensei em você por um instante / De repente você tava lá”, mostrando como memórias e sentimentos antigos giram em círculos e retornam ao centro das emoções da narradora.

A canção mergulha em uma nostalgia marcada por reflexões sobre juventude, erros e promessas: “Lá eu encontro nós dois tão jovens / Tão tóxicos, tão imaturos / Vivendo o fogo e queimando as mãos / Ingênuos, mas tão lindos / Prometendo um futuro”. O tom introspectivo é intensificado pelo andamento moderado e pela tonalidade de Si menor, criando um clima propício para revisitar lembranças de um relacionamento intenso, mas imaturo e cheio de saudade. A letra destaca o contraste entre o presente – palco, público, rotina – e o passado, que se impõe de forma involuntária, especialmente quando a mente se perde em recordações. Assim, ANAVITÓRIA transforma a repetição musical e emocional em um reflexo das marcas do tempo, mostrando como as memórias sobrevivem e se repetem em espirais intermináveis.
13

SUBMARINOS.

Em "submarinos", ANAVITÓRIA explora a sensação de isolamento coletivo ao comparar as pessoas a submarinos submersos. O verso “estejamos todos no fundo do mar / dentro de submarinos / sonhando essa realidade” sugere que vivemos protegidos em nossas próprias bolhas, distantes do mundo exterior. Essa metáfora reforça tanto a ideia de proteção quanto a de distanciamento, levantando a possibilidade de que a vida cotidiana seja, em parte, uma ilusão compartilhada. Isso pode ser reconfortante, mas também traz um certo desconforto ao questionar o quanto estamos realmente conectados à realidade.

A música também aborda a incerteza sobre o futuro das relações e das escolhas, como em “os nossos passos juntos não sigam pra nenhum lugar / ou corram na avenida certa / na correnteza dos encantos”. ANAVITÓRIA reconhece as dúvidas e inseguranças, mas mantém um tom leve e esperançoso, mostrando que há beleza em se deixar levar pelo fluxo da vida, mesmo sem garantias. No trecho final, “Eu não quero me proteger das águas turvas do amanhã / Derrubo as minhas defesas”, a dupla expressa vulnerabilidade e coragem diante do desconhecido, preferindo enfrentar as incertezas do futuro a se esconder delas. Assim, "submarinos" transmite uma mensagem de aceitação, entrega e valorização do presente, destacando a importância de viver com autenticidade.
14

SPOKANE.

Em “spokane”, ANAVITÓRIA explora a dualidade presente em relações próximas, mas marcadas por diferenças sutis. O verso “diferentes hemisférios de uma mesma rua” destaca como duas pessoas podem compartilhar origens e afinidades, mas ainda assim viver realidades ou perspectivas distintas. Essa imagem sugere uma proximidade física, mas uma distância emocional ou existencial, reforçada pela menção a “raízes em comum, tantas semelhanças”.

A música cria uma atmosfera de intimidade e nostalgia ao citar elementos do cotidiano, como “luzes amarelas quase sempre indiretas” e a “cor das seis e meia”. Esses detalhes evocam memórias e sentimentos compartilhados, mostrando como pequenas experiências podem ganhar significado especial em uma relação. O tom sensível da letra valoriza essas lembranças e reconhece tanto o que une quanto o que separa as personagens. Assim, “spokane” celebra as conexões humanas, aceitando as diferenças e destacando a beleza dos momentos simples e das memórias divididas.
15

BILHETE SECRETO.

Em "bilhete secreto", ANAVITÓRIA explora o conflito entre o desejo intenso e o medo de se entregar a uma paixão avassaladora. O verso “fujo igual da cruz o diabo / porque eu já me conheço / porque sei do estrago / que é tá na mão de uma mulher” mostra claramente essa tensão interna: há uma forte atração, mas também o receio das consequências emocionais de se envolver profundamente. O contexto da música reforça esse sentimento, ao retratar a admiração por uma mulher no palco, vestida de renda, que desperta fascínio e, ao mesmo tempo, alerta para o risco de se aproximar demais.

A escolha de expressões como “bilhetes secretos” e “te contei dos sonhos” sugere uma intimidade silenciosa, feita de confissões guardadas e sentimentos não totalmente revelados. A imagem da mulher “molhada de gente” e “cantando de verdade” destaca a intensidade e autenticidade dessa presença, enquanto quem observa se sente vulnerável diante de tanta entrega. A metáfora do “rio” para o sonho compartilhado amplia a ideia de um desejo profundo, fluido e perigoso. Assim, a música aborda com delicadeza o equilíbrio entre fascínio e medo, mostrando o impulso de se aproximar e a necessidade de se proteger emocionalmente.
16

MANTEIGA.

A música 'Manteiga' de ANAVITÓRIA, apesar de sua letra minimalista, carrega uma profundidade que se revela na simplicidade e na sutileza. O duo ANAVITÓRIA é conhecido por suas composições que muitas vezes exploram temas do cotidiano com uma abordagem poética e intimista. A escolha de palavras aparentemente desconexas, como 'manteiga', pode ser vista como uma metáfora para a fluidez e a suavidade que a música e a vida podem ter.

ANAVITÓRIA, formado por Ana Caetano e Vitória Falcão, tem um estilo musical que mistura pop, folk e MPB, criando uma sonoridade única e envolvente. Em 'Manteiga', a economia de palavras pode ser interpretada como uma forma de deixar espaço para a interpretação pessoal do ouvinte, permitindo que cada um encontre seu próprio significado na música. Essa abordagem minimalista é uma característica marcante do duo, que frequentemente utiliza a música como um meio de expressão emocional e introspectiva.

A repetição de sons e a simplicidade da letra podem também sugerir uma reflexão sobre a comunicação e a conexão humana. A música, com sua estrutura quase enigmática, convida o ouvinte a se concentrar mais na melodia e na sensação que ela evoca, do que nas palavras em si. Essa técnica pode ser vista como uma forma de destacar a importância do sentir sobre o dizer, uma mensagem poderosa em um mundo onde a comunicação é muitas vezes sobrecarregada de informações.
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NOSFERATU.

Em “nosferatu”, ANAVITÓRIA utiliza a figura do vampiro para simbolizar um relacionamento que drena a energia e a vitalidade da protagonista. O título faz referência ao clássico filme expressionista alemão, reforçando a ideia de uma presença sombria e opressora na vida da personagem. Ao romper esse vínculo, a protagonista experimenta uma transformação profunda, expressa nos versos “Eu sou antes, depois, quase nada ou muito / Tudo isso eu ganhei ao deixar de te amar”. Aqui, ela revela que o fim do relacionamento trouxe uma redescoberta de si mesma e a possibilidade de ser múltipla, indo além das limitações impostas pelo antigo amor.

A letra destaca o processo de reconstrução pessoal após o término. Quando diz “Decidi fazer por mim o que ninguém jamais poderia fazer / Um altar, um desvio, um novo caminho, essa música”, a protagonista assume o controle da própria vida, criando novos rituais e caminhos. O trecho “Eu não vou mais me preocupar / Com a espera dos meses, dos aviões / Dos planos de viagens frustrados” mostra o abandono das expectativas e frustrações ligadas ao passado. O refrão reforça a ideia de liberdade: ao deixar de amar alguém que a limitava, ela passa a confiar em si mesma, não precisando mais de “lanternas e mapas” para se guiar. Assim, “nosferatu” fala sobre libertação, autoconhecimento e a força de recomeçar.
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17/02/2023.

“17/02/2023”, do ANAVITÓRIA, se destaca por ser uma faixa instrumental com vocalizações sem palavras, característica que reforça a leveza e o tom lúdico presentes no estilo do duo. Em vez de uma letra tradicional, as vocalizações como “pa-pa-ra-pa” transmitem emoções e sensações diretamente pela melodia e pelo ritmo, permitindo que cada ouvinte interprete a música de forma pessoal e única. Essa escolha aproxima a faixa de uma experiência universal, onde a comunicação acontece mais pelo sentimento do que pelo significado literal das palavras.

O título, que faz referência a uma data específica, não traz um contexto claro, e a curta duração da música (29 segundos) sugere que ela funciona como um interlúdio ou um breve respiro dentro do álbum “claraboia”. O uso de vocalizações remete à espontaneidade, alegria e nostalgia, elementos frequentes na sonoridade do ANAVITÓRIA. Dessa forma, “17/02/2023” convida o ouvinte a se conectar com emoções simples do cotidiano, valorizando a musicalidade e a sensação acima de narrativas explícitas ou mensagens diretas.
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PARANAPANEMA.

A música "paranapanema", de ANAVITÓRIA, transforma um momento simples e íntimo em uma celebração coletiva da amizade e do pertencimento. Composta durante uma imersão em Paranapanema, no aniversário de Biel, a canção traz referências diretas ao evento, como em “Gabriel / Faz vinte e seis”, reforçando o caráter espontâneo e pessoal da letra. A repetição dos nomes “Paranapanema” e “Avaré” cria uma ligação afetiva com o local, funcionando como um mantra que fixa o sentimento de união e memória entre os amigos presentes.

A letra utiliza imagens sensoriais, como “a tarde é uma maçã vermelha e rosa” e “corpo molhado de manhã”, para transmitir leveza, nostalgia e conexão com a natureza, remetendo à infância e à pureza das experiências junto ao rio. O trecho “Prefiro o rio do que represa ou mar / Mas essa água parece vir de outro lugar / Tão cristalina / Outro lugar / Água divina” revela uma preferência pessoal e uma percepção quase mágica do momento, como se a água simbolizasse renovação e transcendência. Ao afirmar “Que amor inteiro é amor de um amigo / Que maravilha encontrar vocês aqui”, ANAVITÓRIA destaca o valor dos laços de amizade e a alegria de viver o presente. Assim, "paranapanema" convida o ouvinte a valorizar o agora e as pessoas ao redor, transmitindo uma sensação de acolhimento e paz.
20

CLARABOIA.

A música “claraboia”, de ANAVITÓRIA, destaca a importância do processo criativo coletivo e dos laços formados durante a produção de um álbum. A faixa se diferencia por apresentar falas espontâneas e agradecimentos sinceros entre os envolvidos, criando uma atmosfera íntima e acolhedora. O ouvinte tem a sensação de estar presenciando um momento real de despedida e reconhecimento, como se participasse de uma conversa entre amigos ao final de uma jornada marcante.

O nome “claraboia” simboliza a entrada de luz e renovação, refletindo como a convivência e a colaboração trouxeram inspiração e clareza para todos. Trechos como “Foram dias que vão ficar pra sempre na memória de todo mundo” e “Acho que algumas coisas foram, foram acendendo dentro de mim também / Sobre música, sobre criatividade” reforçam o impacto positivo dessa experiência coletiva. O sentimento de gratidão permeia toda a música, mostrando que o valor está tanto no caminho percorrido quanto no resultado final. Mesmo com o clima de despedida, há a esperança de reencontros e novas experiências, como expressa Vitória Falcão: “Esse não é o fim / Acho que ainda não acabou / A gente ainda vai viver isso de novo de uma outra maneira”. “claraboia” é, assim, uma homenagem à amizade, ao trabalho em equipe e à beleza dos momentos simples e verdadeiros compartilhados.
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